Pouco sobre Português

23/09/2014 15:41

Gramática pura e aplicada

Afinal, o que é gramática?

 
 

Uma boa Gramática deve ser capaz de extrapolar a visão reducionista que faz da língua um amontoado de regras prescritas pelos estudiosos do sistema linguístico, devendo ser capaz não apenas de prescrever o idioma, mas também de descrevê-lo, preservá-lo e, sobretudo, ter utilidade para os falantes. A Gramática apresenta as regras, mas quem movimenta e faz da língua um sistema vivo e mutável somos nós, agentes da comunicação.

Gramática Normativa: Bastante utilizada em sala de aula e para diversos fins didáticos, a Gramática Normativa busca a padronização da língua, indicando através de suas regras como devemos falar e escrever corretamente. Aqui a abordagem privilegia a prescrição de regras que devem ser seguidas, desconsiderando os fatores sociais, culturais e históricos aos quais estão sujeitos os falantes da língua.

  • Gramática Histórica: Investiga a origem e a evolução de uma língua, representando os estudos diacrônicos.

  • A língua é um organismo vivo e, por esse motivo, é natural que exista um distanciamento entre o que é prescrito pelas normas e o que é efetivamente utilizado por seus falantes. Entretanto, não devemos desconsiderar a importância das regras que preservam este que é nosso maior patrimônio cultural: nossa língua portuguesa. Façamos então um bom proveito da Gramática!

Acentuação

        A acentuação está relacionada com a ortografia, sistema convencional que representa a correta escrita da língua, e com a prosódia, estudo que trata do conhecimento da sílaba predominante, chamada sílaba tônica. Para proferirmos corretamente as palavras, é necessário que saibamos sobre os seus sons, fazendo assim o uso de maior ou menor intensidade conforme a sílaba tônica. Às sílabas de menor intensidade atribuímos o nome de sílabas átonas, ou seja, sílabas que são pronunciadas com pouca intensidade tonal. A acentuação gráfica diz respeito ao estudo das regras que disciplinam o uso adequado dos sinais que indicam a posição da sílaba tônica, entre outras particularidades, como o timbre e a nasalização das vogais.

⇒ Acento de intensidade;

⇒ Acento de intensidade e significado da palavra;

⇒ Acento de intensidade na frase;

É importante ressaltar que as regras de acentuação na língua portuguesa sofreram uma recente reforma, quando entrou em vigor, no dia 1° de janeiro de 2009, as Novas Regras Ortográficas da Língua Portuguesa. As novas regras ainda geram muitas dúvidas, especialmente no que se refere à acentuação gráfica. Para auxiliar você na melhor compreensão dessas modificações, você encontrará aqui diversos artigos que serão muito esclarecedores e úteis em seu processo de aprendizado. Claro que as regras de acentuação são complexas e até mesmo indecifráveis para muitas pessoas, mas a partir de seu estudo, poderemos estabelecer uma relação de familiaridade, o que facilitará em muito a prática das normas na linguagem escrita. Para sanar possíveis dúvidas, é desejável que as regras sejam sempre consultadas, pois quando fazemos do estudo um exercício constante, as chances de aprendermos e apreendermos são muito maiores! Bons estudos!

 

Artigos de acentuação

Acentuação

 

Dado o aspecto complexo - norteador dos fatos linguísticos, há que se mencionar acerca de alguns entraves com os quais o usuário compartilha na tentativa de compreendê-los (os fatos). Contudo, à medida com que estes vão se tornando familiares, mediante a busca constante pelo conhecimento, tal problemática tende a tão somente se amenizar ou se extinguir de uma vez por todas. 

Em razão disso, no intuito de cooperar para que este avanço seja efetivamente materializado, o artigo que ora se evidencia tem por finalidade discorrer acerca das diferenças existentes entre o acento gráfico e o acento tônico – ambos relacionados a questões ortográficas que, sem nenhuma dúvida, representam alvo de inúmeros questionamentos. 

À guisa de algumas elucidações, temos que o acento tônico não pode ser confundido com o acento gráfico, pois este (o tônico) refere-se a aspectos relacionados à oralidade. Portanto, no sentido de detectá-los com veemência, faz-se necessário proferirmos melodicamente os vocábulos, uma vez que se assim procedermos, teremos condições de constatar onde realmente a sílaba pronunciada com mais intensidade encontra-se demarcada. Desta forma, procurando tornar prático tal posicionamento, ater-nos-emos à análise de alguns deles: 




Detectamos que as sílabas em destaque representam o que chamamos de tônica, visto que são pronunciadas com mais força. Para tanto, independentemente de haver qualquer indício de sinal gráfico, tal aspecto foi constatado. Eis o segredo da tonicidade!

Já em se tratando do acento gráfico, este se encontra intrinsecamente ligado a regras pré-concebidas pelas normas gramaticais de uma forma geral, mais precisamente no que tange à acentuação. Para tanto, basta analisarmos:



Notamos que no primeiro caso trata-se de uma palavra oxítona terminada em “e”. Regra: Todas as palavras terminadas em a, e, o, em seguidas ou não de “s” deverão ser acentuadas. 

Atendo-nos ao segundo exemplo, constatamos que se trata de uma palavra paroxítona terminada em “x”. Regra: Todas as paroxítonas assim terminadas recebem o acento gráfico. 

Quanto ao terceiro, identificamos um vocábulo também oxítono, terminado em “em”. Regra: Idêntica à primeira. 

Por último, temos uma palavra proparoxítona, a qual integra um grupo em que todas são acentuadas. 

Mediante tais postulados, aposta-se que todas as dúvidas em relação a este fato tenham sido sanadas, tendo em vista a seguinte concepção: 

Para que a sílaba tônica exista, ela não precisa, necessariamente, estar acentuada. Caso esteja, o acento gráfico se “incube” de recair sobre ela mesma!

 

Acentuação ou não da letra ''U"

 

Partindo do princípio de que as regras de acentuação não se mostram assim tão claras, evidentes, analisemos a pergunta a seguir:

Por que algumas palavras, cuja tonicidade recai na última sílaba, são acentuadas e outras não? Lembrando que aqui fazemos referência somente àquelas em que a letra “u” se faz presente, como é o caso de caju, baú, Grajaú, etc. Pode até parecer que por se tratar de uma ocorrência tão óbvia, discorrer acerca de tal assunto seria desnecessário, não instigante. No entanto, como já exposto, questões voltadas para a acentuação fazem parte daquele acervo de dúvidas que boa parte dos usuários traz consigo. Assim, por que não saná-las?

Quando no início se afirma que tudo se trata de uma simples questão de observação, tal aspecto diz respeito às regras gramaticais propriamente ditas. Mas antes de ressaltá-las devemos nos conscientizar mais uma vez acerca das diferenças que há entre o acento tônico e o acento gráfico, no qual este mantém estreita relação com as regras de acentuação, enquanto que aquele diz respeito à intensidade com a qual são pronunciadas as sílabas das palavras, ou seja, a tonicidade se demarca por meio daquela sílaba que é pronunciada com mais força, independentemente de estar acentuada ou não.

Dessa forma, voltemos a exemplos popularmente conhecidos por todos nós, tais como:

PARACATU

JAÚ

PACAEMBU

GRAJAÚ

BAÚ

CAJU

ITAÚ...

Pois bem, por que algumas levam acento e outras não?

Saiba que, primeiramente, o ideal é colocarmos em prática nossos conhecimentos acerca da divisão silábica, uma vez assim expressos:

PA – RA – CA – TU

CA – JU                                              Todas são oxítonas     

PA – CA – EM – BU

Daí o seguinte questionamento: palavras oxítonas terminadas em “u” são acentuadas? Não, somente levam acento as terminadas em “a”, “e”, “o” e “em” seguidas ou não de “s”.
 
Eis a conclusão acerca do porquê de não levarem o acento gráfico.


Passemos adiante:

JA – Ú

I – TA – Ú                                          O “U” forma um hiato que...

BA – Ú                                                (veja a rega explicitada logo abaixo)

Segundo as regras de acentuação, o “i” e o “u” tônicos do hiato são acentuados quando isolados na sílaba ou acompanhados de “s”. Daí a razão de tais palavras serem acentuadas.

 

 

Adjetivo ou advérbio?

Adjetivo ou advérbio? Eis aí dois importantes elementos que compõem as chamadas classes gramaticais, mas que, no entanto, em se tratando de algumas colocações, representam aquelas incorreções que às vezes cometemos – infringindo, portanto, as leis regidas pela gramática.

Seguindo essa linha de raciocínio, atenhamo-nos ao enunciado:

Discreto, ele saiu da festa.

Quando analisada, tal enunciação nos remete a um questionamento de cunho relevante: seria “ele” discreto ou seria essa a forma como ele saiu da festa?

Para responder a essa pergunta, que tal retomarmos o conceito de advérbio?

Esta classe conceitua-se como a palavra que modifica o verbo, o adjetivo e o próprio advérbio. Dessa forma, o enunciado em questão necessita ser reformulado, uma vez que, por se tratar da forma como ele deixou a festa, o correto é o uso do advérbio, e não do adjetivo. Nesse sentido, temos:

Discretamente, ele deixou a festa.

Sim, haja vista que o advérbio (discretamente) modifica o verbo sair.

Chegamos, então, ao ápice de nossa discussão: quando usamos adjetivo e quando usamos o advérbio? Conclusão efetivamente comprovada.

Contudo, há alguns casos, porém raros, nos quais o adjetivo pode ser usado no lugar do advérbio, sem que esse (o advérbio) perca a qualidade. Mediante tal ocorrência afirmamos se tratar de uma derivação imprópria – manifestada pela mudança de uma dada classe gramatical para outra. Assim sendo, vejamo-los:

Bastante conhecida por nós, há uma propaganda de cerveja, a qual nos diz: “A cerveja que desce redondo”.

Redondo, neste caso, é o modo como a cerveja desce
Redondo, neste caso, é o modo como a cerveja desce.

A princípio poderíamos até pensar que o adjetivo deveria concordar com o substantivo “cerveja”. Contudo, nesse caso não é a cerveja que desce redondo, mas sim o modo como ela desce. Logo, constatamos que um adjetivo faz o papel de advérbio.

 

Monossílabos tônicos e átonos

 

Os monossílabos tônicos e átonos recebem tal classificação em virtude da intensidade em que são pronunciados. Sendo assim, por fazerem parte do nosso cotidiano linguístico, bem como pelo fato de constituírem parte integrante dos estudos gramaticais, ocupemo-nos a partir de agora em compreender acerca das características que os demarcam.

A começar pelos tônicos, eles assim se classificam pelo fato de possuírem autonomia fonética, ou seja, não necessitam se apoiar em outro vocábulo para demonstrar valor fonético.

Dessa forma, tendo em vista as regras de acentuação, das quais já temos certo conhecimento, vale dizer que aqueles que os representam são terminados em:

-a(s): há, chá, pá, cá, lá...
-e(s): dê, lê, ré, pé, vê...
-o(s): nó, dó, pôs, só, nós...

Os monossílabos considerados como átonos não possuem essa autonomia fonética, sendo necessário se apoiarem em sílabas de vocábulos posteriores, fato que faz prevalecer mais o som desta (silabado vocábulo posterior) do que daquela (monossílabo átono).

A título de constarmos, analisemos um exemplo:

“Sei que não vai dar em nada 
Seus segredos sei de cor”.

Constatamos que os monossílabos que se encontram (que, em e de) em destaque realmente não apresentam o mesmo aspecto que os tônicos (a autonomia fonética). Portanto, são exemplos de tal modalidade:

o (s), a (s), me, te, se, lhe, nos, de, em, que, etc.

Observações dignas de menção:

- Os monossílabos podem se definir como tônicos em um determinado enunciado e átonos em outro. Vejamos, pois:

Você está assim por quê? (tônico)
que há de errado com você? (átono)

- Em virtude do aspecto que os monossílabos apresentam, eles se consideram como palavras destituídas de sentido, sendo representados pelas conjunções, artigos, preposições e pronomes oblíquos. Constatemos alguns exemplos:

Seus segredos sei de cor. (preposição)
Olhou-me rapidamente. (pronome oblíquo)

 

Substantivos terminados em -ão-traços peculiares

 

Dando enfoque ao termo “traços peculiares”, este nos remete à ideia de características intrínsecas a um determinado elemento gramatical que, inegavelmente se constitui como algo passível de vários questionamentos. Lembra-se do feminino, masculino, aumentativo diminutivo, dentre tantos outros? 

Pois bem, não há como negar que às vezes tropeçamos mediante alguns entraves. E por assim dizer, nosso principal objetivo é ressaltar alguns pontos relevantes, os quais constituem a classe gramatical representada pelos substantivos – dadas as suas distintas flexões. Aqui, mais precisamente, a de número. 

Minuciosidades recorrentes: por que determinados substantivos terminados em “–ão” têm seu plural alterado por outras formas? Já não falando o caso de outros possuírem mais de uma maneira, em se tratando de sua forma pluralizada. Casos assim se tornam facilmente compreensíveis a partir do momento que nos dedicamos a algumas descobertas, partindo do princípio de que o conhecimento deve ser uma constante em nosso cotidiano. Para tanto, eis alguns suportes que tendem a nos subsidiar rumo a esse propósito, como desta feita evidenciados: 

Os substantivos terminados em “-ão”, constituem-se de três formas básicas: 

a) A maior parte deles muda a referida terminação para “–ões”. Vejamos: 

Observação importante: 

Neste grupo também se incluem os aumentativos, tais como: 

casarão – casarões
espertalhão - espertalhões
facão – facões
gatão – gatões
narigão – narigões
rapagão – rapagões
sabichão – sabichões
vozeirão – vozeirões


b) Alguns poucos, ainda constituídos por “-ão”, mudam a terminação para “-ães”. Observemos: 


c) Alguns paroxítonos terminados em “-ão”, assim como certos oxítonos e monossílabos têm sua forma pluralizada somente pelo acréscimo do “s”. Confira:

E acredite! Há ainda outra particularidade digna de nota: 

No caso, aqueles que admitem mais de uma forma. Constatemos, pois:

aldeão – aldeãos, aldeões, aldeães. 

anão – anões, anãos.

ancião – anciãos, anciões, anciães.

cirurgião – cirurgiões, cirurgiães.

corrimão – corrimãos, corrimões. 

ermitão – ermitãos, ermitões, ermitães.

guardião – guardiões, guardiães. 

refrão – refrãos, refrões.

sacristão – sacristãos, sacristães

sultão – sultãos, sultões, sultães

verão – verãos, verões

vulcão – vulcãos, vulcões. 

 

 

Verbos ligados a pronomes oblíquos: Acentuados ou não acentuados

Você dispõe de uma diversidade de conhecimentos acerca dos aspectos que norteiam a língua portuguesa. Assim, para fixá-los, você pode aplicar tais conhecimentos em muitas situações comunicativas cotidianas.

Partindo desse princípio, elegemos apenas um conteúdo que pode ser aperfeiçoado quando praticado:os verbos, acentuados e não acentuados, ligados a pronomes oblíquos. Dessa forma, a título de ilustração, alguns exemplos nos dão conta de que se trata de uma realidade linguística recorrente. Veja:

DISTINGUI-LO
ATRIBUÍ-LO
DEVOLVÊ-LO
DISTRIBUÍ-LO
AMÁ-LO
CONCLUÍ-LO
REVÊ-LO
TRADUZI-LO
REPRODUZI-LO...

Constatamos que algumas formas verbais se manifestaram constituídas do acento gráfico e outras não. Pois bem, prossigamos nossa discussão, sobretudo dando ênfase aos critérios de divisão silábica, de forma a separá-las adequadamente, tendo em vista que o pronome “lo”, uma vez atuando como complemento de tais formas, não participa do procedimento em questão, sendo deixado em segundo plano (aqui demarcado pelas reticências). Vejamos, pois:

DIS ─ TIN – GUI ...
A – TRI – BU – Í ...
DE – VOL – VÊ ...
DIS – TRI – BU ─  Í...
A – MÁ...
CON – CLU – Í ...
RE – VÊ...
TRA – DU – ZI...
RE – PRO – DU – ZI...

Façamos agora uma retomada dos pressupostos inerentes às regras de acentuação, partindo dos exemplos anteriormente citados:

DE – VOL – VÊ

RE – VÊ          →   Todas as palavras oxítonas terminadas
A – MÁ                     em “a”, “e”, “o” e “em”, seguidas ou              
                                 não de “s”, são acentuadas.

CON – CLU – Í

DIS – TRI – BU ─ Í   → Acentua-se o “u” e o “i” tônicos do
A – TRI – BU – Í         hiato quando isolados na sílaba ou
                                      acompanhados de “s”.          
A – TRI – BU – Í


As demais TRA – DU – ZI /RE – PRO – DU – ZI e DIS - TIN – GUI, como podemos detectar, não são acentuadas, por isso não nos remetem a nenhum desses preceitos antes mencionados.

 

 

A estilística

 
 
 

A estilística é parte dos estudos da linguagem que, como o nome já diz preucupa-se com o estilocego e vejo. Arranco os olhos e vejo." (Carlos Drummond de Andrade)

17 - Personificação, prosopopeia ou animismo – atribuição de características humanas a seres inanimados, imaginários ou irracionais. 

Ex.: A vida ensinou-me a ser humilde.

18 - Pleonasmo ou redundância - repetição da mesma ideia com objetivo de realce. A redundância pode ser positiva ou negativa. Quando é proposital, usada como recurso expressivo, enriquecerá o texto:

Ex.: Posso afirmar que escutei com meus próprios ouvidos aquela declaração fatal.

Quando é inconsciente, chamada de “pleonasmo vicioso”, empobrece o texto, sendo considerado um vício de linguagem: Irá reler a prova de novo. 

Outros: subir para cima; entrar para dentro; monocultura exclusiva; hemorragia de sangue.

19 - Polissíndeto - repetição de conjunções (síndetos). 

Ex.: Estudou e casou trabalhou e trabalhou...

20 - Silepse - concordância com a ideia, não com a forma. 

Ex.: Os brasileiros (3ª pessoa) somos (1ª pessoa) massacrados – Pessoa.

Vossa Santidade (fem.) será homenageado (masc.) – Gênero.

Havia muita gente (sing.) na rua, corriam (plur.) desesperadamente – Número.

21 - Sinestesia - mistura das sensações em uma única expressão. 

Ex.: Aquele choro amargo e frio me espetava.
Mistura de paladar (amargo) e tato (frio, espetava)


 
 

Onomatopéia

 

Todos nós em algum momento já usufruímos da onomatopeia, figura de linguagem que tenta reproduzir os sons existentes na natureza. Claro que alguns sons serão bem parecidos, como o barulho do relógio, da campainha; outros nem tanto, comocrash, que tenta reproduzir o som de uma batida.

A onomatopeia é um recurso muito importante para a escrita. É amplamente utilizada pelas histórias em quadrinhos e poemas. Entretanto, não podemos esquecer sua importância para a linguagem oral. A seguir, serão usados alguns exemplos de onomatopeia. Acompanhe:

Os apaixonados amam escutar o tum-tum do coração do ser amado, mas não suportam ouvir o tic-tacindicando que o tempo está passando, e não se ouve nem  o triiimm do telefone, nem o blin blong da campainha. Nesta hora, as lágrimas são inevitáveis e o buááá é ouvido de longe. Entretanto, basta um biii biii, que o coração já faz  hahaha.. E o final da cena, todos conhecem, um beijo apaixonado chuac.

Perceberam como esse recurso é interessante? Ele traz mais “brilho” ao texto, deixa-o mais interessante e até mais poético. Por ser usada para dar maior expressividade ao texto, a onomatopeia é objeto de estudo da estilística. No entanto, também é responsável por contribuir para a ampliação do léxico (vocabulário) da língua, já que é um exemplo de processo de formação de palavras, por isso é estudada também pela morfologia.

Veja mais alguns exemplos de onomatopeia.

A  onomatopeia que reproduz o som da bomba
A  onomatopeia que reproduz o som da bomba

O barulho do avião jamais poderia ser reproduzido para a escrita, se não fosse a onomatopeia
O barulho do avião jamais poderia ser reproduzido para a escrita, se não fosse a onomatopeia

Como contar uma história sem reproduzir os sons? Por isso, a onomatopeia é tão importante para a escrita
Como contar uma história sem reproduzir os sons? Por isso, a onomatopeia é tão importante para a escrita

Alguns sons não são reproduzidos com tanta fidelidade. É o caso, por exemplo, da onomatopeia crash
Alguns sons não são reproduzidos com tanta fidelidade. É o caso, por exemplo, da onomatopeia crash

 

 

Fonética e fonologia

Acento tônico/gráfico

 
 
1- Sílaba tônica- A sílaba proferida com mais intensidade que as outras é a sílaba tônica. Esta possui o acento tônico, também chamado acento de intensidade ou prosódico.

Exemplos:
ca, caderno, lâmpada

2- Sílaba subtônica- Algumas palavras geralmente derivadas e polissílabas, além do acento tônico, possuem um acento secundário. A sílaba com acento secundário é chamada de subtônica.

Exemplos:
terrinha, sozinho

3- Sílaba átona- As sílabas que não são tônicas nem subtônicas chamam-se átonas.
Podem ser pretônicas (antes da tônica) ou postônicas (depois da tônica). 

Exemplos: 
barata (átona pretônica, tônica, átona postônica)

quina (tônica, átona postônica, átona postônica)

Atenção:

Não confunda acento tônico com acento gráfico. O acento tônico está relacionado com intensidade de som e existe em todas as palavras com duas ou mais sílabas. O acento gráfico existirá em apenas algumas palavras e será usado de acordo com regras de acentuação.
 

Classificação das vogais e consoantes

 
1- Quanto à zona de articulação:

A zona de articulação está relacionada com a região da boca onde as vogais são articuladas. 

a- média - é articulada com a língua abaixada, quase em repouso. Ex.: a (pasta). 

b- anteriores - são articuladas com a língua elevada em direção ao palato duro, próximo ao dentes. Ex.: é (pé), ê (dedo), i (botina). 

c- posteriores - são articuladas quando a língua se dirige ao palato mole. Ex.: ó (pó), ô (lobo), u (resumo).


2- Quanto ao papel das cavidades, bucal e nasal:

A corrente de ar pode passar só pela boca (orais) ou simultaneamente pela boca e fossas nasais (nasais). 

a- orais: (pata), (sapé), (veia), (vila), (sol), (aborto), (fluxo).

b- nasais: (fã), (tempo), (cinto), (sombrio), (fundo). 


3- Quanto à intensidade:

A intensidade está relacionada com a tonicidade da vogal. 

a- tônicas: café, cama. 

b- átonas: massa, bote. 


4- Quanto ao timbre:

O timbre está relacionado com a abertura da boca. 

a- abertas: (sapo), (neve), (bola). 

b- fechadas: ê (mesa), ô (domador), i (bico), u (útero) e todas as nasais. 

c- reduzidas: são as vogais reduzidas no timbre, já que são vogais átonas (orais ou nasais, finais ou internas). Exemplos: (cara, cantei). 

Curiosidades:

Alguns autores citam um terceiro tipo de vogal quanto à intensidade, as subtônicas. Ver CEGALLA E LUFT
Ex.: pazinha



Classificação das Consoantes

As consoantes são classificadas de acordo com quatro critérios:

1- Modo de articulação: é a forma pela qual as consoantes são articuladas. Quanto ao modo de articulação, as consoantes podem ser oclusivas ou constritivas. 

a- Nas oclusivas existe um bloqueio total do ar.

b- Nas constritivas existe um bloqueio parcial do ar.


2- Ponto de articulação: é o lugar onde a corrente de ar é articulada (lábios, dentes, palato...). De acordo com o ponto onde é articulada, as consoantes são classificadas em: 

a - bilabiais- lábios + lábios.

b- labiodentais- lábios + dentes superiores.

c- linguodentais- língua + dentes superiores.

d- alveolares- língua + alvéolos dos dentes.

e- palatais- dorso do língua + céu da boca.

f- velares- parte superior da língua + palato mole.


3- Função das cordas vocais: se a cordas vocais vibrarem, a consoante será sonora; caso contrário, a consoante será surda.


4- Função das cavidades, bucal e nasal: caso o ar saia somente pela boca, as consoantes serão orais; se sair também pelas fossas nasais, as consoantes serão nasais.
 
 

Classificação dos fonemas e dígrafos 

 
Os fonemas da Língua Portuguesa classificam-se em vogais, semivogais e consoantes.

Vogais: são fonemas pronunciados sem obstáculo à passagem de ar, chegando livremente ao exterior. Exemplos: pato, bota.

Semivogais: são os fonemas que se juntam a uma vogal, formando com esta uma só sílaba. Exemplos: couro, baile.

Observe que só os fonemas /i/ e /u/ átonos funcionam como semivogais. Para que não sejam confundidos com as vogais i e u serão representados por [y] e [w] e chamados, respectivamente, de iode evau.

Consoantes: são fonemas produzidos mediante a resistência que os órgãos bucais (língua, dentes, lábios) opõem à passagem de ar. Exemplos: caderno, lâmpada.

Dicas:

Em nossa língua, a vogal é o elemento básico, suficiente e indispensável para a formação da sílaba. Você encontrará sílabas constituídas só de vogais, mas nunca formadas somente com consoantes. Exemplos: viúva, abelha.


Dígrafos

É a união de duas letras representando um só fonema. Observe que no caso dos dígrafos não há correspondência direta entre o número de letras e o número de fonemas. 

Dígrafos que desempenham a função de consoantes: ch (chuva), lh (molho), nh (unha), rr (carro) e outros. 

Dígrafos que desempenham a função de vogais nasais: am (campo), en (bento), om (tombo) e outros.
 
 

Encontros vocálicos e consonantais

 
Há três tipos de encontros vocálicos: ditongo, hiato e tritongo.

Ditongo: é a junção de uma vogal + uma semivogal (ditongo decrescente), ou vice-versa (ditongo crescente), na mesma sílaba. 
Ex.: noite (ditongo decrescente), quase (ditongo crescente).

Hiato: é a junção de duas vogais pronunciadas separadamente, formando sílabas distintas.
Ex.: saída, coelho

Tritongo: é a junção de semivogal + vogal + semivogal, formando uma só sílaba.
Ex.: Paraguai, arguiu.

Atenção:

Não se esqueça que só as vogais /i/ e /u/ podem funcionar como semivogais. Quando semivogais, serão representadas por /y/ e /w/, respectivamente.


Encontros consonantais

Quando existe uma sequência de duas ou mais consoantes em uma mesma palavra, denominamos essa sequência de encontro consonantal.

O encontro pode ocorrer: 

- na mesma sílaba: cla-ri-da-de, fri-tu-ra, am-pl

- em sílabas diferentes: af-ta, com-pul-só-rio 

Atenção:

Nos encontros consonantais, somos capazes de perceber o som de
todas as consoantes.
 
 

Fonemas e aparelho fonador

Fonemas são as entidades capazes de estabelecer distinção entre as palavras.
Exemplos: casa/capa, muro/mudo, dia/tia

A troca de um único fonema determina o surgimento de outra palavra ou um som sem sentido. O fonema se manifesta no som produzido, sendo registrado pela letra e representado graficamente por ela. O fonema /z/, por exemplo, pode ser representado por várias letras: z (fazenda), x (exagerado), s (mesa).

Atenção:

Os fonemas são representados entre barras. Exemplos: /m/, /o/.


Aparelho fonador

Os sons da fala são produzidos pelo aparelho fonador. O aparelho fonador é constituído de: 

pulmões 
brônquios e traqueia 
laringe 
glote 
cordas vocais 
faringe 
úvula 
boca e órgãos anexos 
fossas nasais
 
 

Ortoépia e prozódia

Ortoépia

Ortoépia é a correta pronúncia dos grupos fônicos.

A ortoépia está relacionada com: a perfeita emissão das vogais, a correta articulação das consoantes e a ligação de vocábulos dentro de contextos. 

Erros cometidos contra a ortoépia são chamados de cacoepia. Alguns exemplos: 

a- pronunciar erradamente as vogais quanto ao timbre: 

- pronúncia correta, timbre fechado (ê, ô): omelete, alcova, crosta...

- pronúncia errada, timbre aberto (é, ó): omelete, alcova, crosta... 

b- omitir fonemas: cantar/ canta, trabalhar/trabalha, amor/amo, abóbora/abóbra, prostrar/ prostar, reivindicar/revindicar...

c- acréscimo de fonemas: pneu/peneu, freada/ freiada,bandeja/ bandeija...

d- substituição de fonemas: cutia/cotia, cabeçalho/ cabeçário, bueiro/ boeiro.

e- troca de posição de um ou mais fonemas: caderneta/ cardeneta, bicarbonato/ bicabornato, muçulmano/ mulçumano.

f- nasalização de vogais: sobrancelha/ sombrancelha, mendigo/ mendingo, bugiganga/ bungiganga ou buginganga

g- pronunciar a crase: A aula iria acabar às cinco horas./ A aula iria acabar "àas" cinco horas.

h- ligar as palavras na frase de forma incorreta:


correta: A aula/ iria acabar/ às cinco horas.

Exemplo de ligação incorreta: A/ aula iria/ acabar/ às/ cinco horas. 


Prosódia

A prosódia está relacionada com a correta acentuação das palavras, tomando como padrão a língua considerada culta.

Abaixo estão relacionados alguns exemplos de vocábulos que frequentemente geram dúvidas quanto à prosódia:

1) oxítonas:

cateter, Cister, condor, hangar, mister, negus, Nobel, novel, recém, refém, ruim, sutil, ureter.

2) paroxítonas:

avaro, avito, barbárie, caracteres, cartomancia, ciclope, erudito, ibero, gratuito, ônix, poliglota, pudico, rubrica, tulipa.

3) proparoxítonas:

aeródromo, alcoólatra, álibi, âmago,antídoto, elétrodo, lêvedo, protótipo, quadrúmano, vermífugo, zéfiro.

Há algumas palavras cujo acento prosódico é incerto, oscilante, mesmo na língua culta. 
Exemplos:

acrobata e acróbata / crisântemo e crisantemo/ Oceânia e Oceania/ réptil e reptil/ xerox e xérox e outras.

Outras assumem significados diferentes, de acordo a acentuação:
Exemplos:

valido/ válido

Vivido /Vívido

Curiosidades 

Casos mais frequentes de pronúncias diferentes da língua padrão:


 

Prozódia e discurso

 
 

Afinal, o que é prosódia?

A prosódia é um elemento estudado pela fonética e fonologia, ramos da Linguística que classificam os aspectos sonoros das palavras. Está relacionada à maneira como falamos e à como entoamos nosso discurso.

As primeiras definições surgiram na Grécia (daí o nome, que em um primeiro momento pode nos parecer estranho) durante a república de Platão e partiam da observação das variações melódicas presentes no discurso. Estas variações são importantes para compreendermos melhor a comunicação humana e as intenções de cada falante, já que o modo como nos expressamos, a entonação e o ritmo presente em cada palavra auxiliam na produção de sentido quando nos comunicamos.

Imagine se todos nós falássemos exatamente da mesma maneira, sem conferir contornos melódicos às nossas palavras, sem pausas, sem ritmo, sem emoção. Imaginou? Estranho, não? Seria como se estivéssemos, o tempo todo, lendo bulas de remédio. Como seríamos compreendidos, na totalidade daquilo que queremos dizer, pelos nossos interlocutores? Então, graças à prosódia, não falamos como robôs, pois conseguimos imprimir sentimentos à nossa fala.

Um mesmo enunciado, quando sai da modalidade escrita para a modalidade oral, pode adquirir sentidos bem diferentes, distinguindo o que falamos daquilo que escrevemos. Um dos recursos utilizados para enfatizar uma palavra, é o acento de insistência, que pode cair em outra sílaba, mesmo que essa não seja a sílaba tônica da palavra. Observe o exemplo:

maravilhosa, formidável, inteligente, miserável, barbaridade.

O acento de insistência possui um caráter emocional e pode apresentar notáveis efeitos na fala, que dificilmente seriam reconhecidos na escrita. A entoação expressiva atua como uma mímica e imprime um comentário sobre nossas palavras.

A prosódia é música para os ouvidos!

 

 

Sílaba e divisão silábica

 
Sílaba é a unidade ou grupo de fonemas emitidos num só impulso da voz. 

Divisão silábica

A fala é o primeiro e mais importante recurso usado para a divisão silábica na escrita.

Regra geral: 

Toda sílaba, obrigatoriamente, possui uma vogal.

Regras práticas: 

Não se separam ditongos e tritongos.
Exemplos: mau, averiguei.

Separam-se as letras que representam os hiatos. 
Exemplos: sa-í-da, vo-o... 

Separam-se somente os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc.
Exemplos: pas-se-a-ta, car-ro, ex-ce-to... 

Separam-se os encontros consonantais pronunciados separadamente. 
Exemplo: car-ta. 

Os elementos mórficos das palavras (prefixos, radicais, sufixos), quando incorporados à palavra, obedecem às regras gerais. 
Exemplos: de-sa-ten-to, bi-sa-vô, tran-sa-tlân-ti-co... 

Consoante não seguida de vogal permanece na sílaba anterior. Quando isso ocorrer em início de palavra, a consoante será anexa à sílaba seguinte. 
Exemplos: ad-je-ti-vo, tungs-tê-nio, psi-có-lo-go, gno-mo...
 

Sotaques brasileiros

Você sabe o que é sotaque? Bom, se você não sabe a definição exata da palavra, certamente seus ouvidos já experimentaram a sensação de ouvir um jeito de falar diferente. Chamamos de sotaque o tom, inflexão ou pronúncia particular de cada indivíduo ou de cada região.

Se você já teve a oportunidade de viajar para diferentes regiões do país, sabe bem do que estamos falando. Aliás, nem é preciso sair de casa para perceber as variações de sotaque na língua portuguesa, já que esse jeito de falar particular pode ser percebido através de veículos como a televisão e o rádio, nos quais a oralidade é a modalidade vigente. Cada estado brasileiro apresenta peculiaridades na fala, pois apesar de compartilharmos o mesmo idioma, seria quase impossível que um país tão grande apresentasse uma uniformidade na fala.

Os diferentes sotaques encontrados no Brasil podem ser explicados sob o ponto de vista histórico. Sabemos que nosso país foi colonizado por diferentes povos e em diferentes momentos de nossa história. Enquanto na região Sul houve uma imigração maciça de italianos, alemães e outros povos oriundos do leste europeu, no Pernambuco, por exemplo, a influência veio dos holandeses dos tempos de Maurício de Nassau. No Rio Grande do Sul, a formação do sotaque é ainda mais curiosa, pois além dos italianos e alemães, há a influência do espanhol falado nos países que fazem fronteira com o estado. No Rio de Janeiro, que foi sede da corte portuguesa entre 1808 e 1821, a influência do sotaque português pode ser percebida através do jeito de pronunciar o “S” bem chiado. No Norte, em virtude do distanciamento geográfico, a região ficou menos exposta à influência estrangeira, o que manteve o sotaque encontrado na região mais próximo à prosódia das línguas indígenas.

Vale lembrar que os primeiros contatos linguísticos do português falado no Brasil (a distinção é importante em razão da diferença entre o português falado aqui e o português falado em Portugal) foram com as línguas indígenas e as línguas africanas. Posteriormente, a partir do século 19, os imigrantes de outras partes do mundo contribuíram para o nosso conjunto de sotaques. É importante ressaltar que cada lugar tem sua maneira de pronunciar as palavras e sua própria prosódia, portanto, não existe sotaque melhor ou mais correto que o outro, essa é uma visão preconceituosa que diminui a singularidade de nossa cultura. Nossos sotaques fazem parte de nosso patrimônio cultural e são um elemento importante para a formação da identidade do povo brasileiro.

 

 

Formação das palavras

Abreviação vocabular-um processo de formação das palavras

 
 
Se alguma vez ou determinadas vezes você pronunciou palavras como Sampa, japa, portuga, entre outras... é hora de saber que tal procedimento, mesmo que pertença a uma linguagem coloquial, representa um fato linguístico – razão pela qual se torna passível de se integrar ao conhecimento de todos nós – usuários da língua. 

Pois bem, como sabemos, as palavras que compõem nosso léxico são resultantes de um processo, umas pela junção de termos, outras pelo acréscimo de prefixos e sufixos, entre outras características. Desta forma, o presente artigo tem por objetivo ressaltar acerca de uma delas – a abreviação vocabular, cujo traço peculiar se manifesta por meio da eliminação de um segmento de uma palavra no intuito de se obter uma forma mais reduzida, geralmente aquelas mais longas. Diante disso, vejamos alguns exemplos: 

metropolitano – metrô

extraordinário – extra 

otorrinolaringologista – otorrino 

telefone – fone 

pneumático – pneu...


Muitas destas abreviações podem denotar sentimentos variados, expressando carinho, desprezo, preconceito e, às vezes, até zombaria. De forma a constatá-los, analisemos os exemplos subsequentes: 

comunista - comuna 

Florianópolis – Floripa 

delegado – delega 

professor – fessor 

japonês – japa 

português – portuga...


Uma observação digna de nota, e que também representa a ocorrência em voga, reside no fato de algumas abreviações terem se tornado bastante frequentes na língua atual. Tal fato consiste no uso de um prefixo ou de um elemento, referente a uma palavra composta, no lugar do todo. Analisemos, portanto, alguns casos representativos: 

micro (relativo a microcomputador) 

míni (referente a minissaia)

vídeo (concernente a videocassete) 

ex (relativo a ex-namorada, ex-esposa ou ex-marido)...
 
 

Classificando as palavras quanto ao número de sílabas

 
Compreender o verdadeiro sentido que se atribui ao termo “sílaba” revela-se como pressuposto de fundamental importância para o estudo do elemento em questão. Entende-se por sílaba o conjunto de um ou mais fonemas pronunciados sob uma única emissão de voz. 

De modo a exemplificarmos, subsidiar-nos-emos na palavra “casa” que, uma vez pronunciada, se obtém como resultado: 

CA - SA 

Desse modo, constatamos que o vocábulo em evidência se divide em duas sílabas, literalmente caracterizado como dissílabo. A partir de tais requisitos, ocupemo-nos, pois, em conhecer algumas peculiaridades voltadas para a classificação das palavras, levando-se em consideração o número de sílabas por elas retratado. Assim, vejamos:

Monossílabas
Caracterizam-se por apresentar uma única sílaba, bem como nos revelam os seguintes exemplos:

CÃO – PÁ – RÉ – FLOR – AR – HÁ ...

Dissílabas
Constituem-se por duas sílabas, assim evidenciadas:

JACA – BOMBA – MESA – ÚTIL – LIVRO...

Trissílabas 
Formadas por três sílabas, evidenciando-se por: 

ÁRVORE – LÂMPADA – ÚLTIMO – MÉDICO...

Polissílabas
Apresentam mais de três sílabas, assim representadas: 

AUTOMÓVEL – BICICLETA – ULTIMATO – TRIÂNGULO...
 
 

Composição

 

Dispomos de um considerável acervo linguístico e fazemos uso dele nas situações de interação comunicativa que norteiam o cotidiano, sem dúvida. No entanto, usufruir de tal aspecto parece não bastar quando nos colocamos na condição de usuários da língua e, assim sendo, precisamos estar mais familiarizados acerca dos fatos que norteiam os assuntos prescritos pela gramática. Pensando assim, algumas palavras, em se tratando das intenções propostas nesse nosso encontro, subsidiam-nos de forma incomparável:

Terreiro/Aterrar/Aguardente/Planalto/Bem-me-quer, entre outras.

Estas palavras são corriqueiramente utilizadas por nós, mas agora passam a ser analisadas com um pouco de atenção no que tange aos processos que as formam.

Pois bem, caro(a) usuário(a), notamos que terreiro e aterrar se caracterizam como palavras formadas por um elemento inerte, ou seja, aquele elemento que permanece inalterado, chamado de radical.  Portanto, a partir de “-terr”, as duas palavras em referência foram formadas. A esse processo de formação de palavras damos o nome de derivação, visto que a partir de um elemento derivaram-se novas palavras, dotadas de significados distintos.

Agora, ao atentar para as outras, demarcadas por aguardente, bem-me-quer e planalto, entraremos no foco de nossa discussão que é a composição, caracterizada pelo processo em que novas palavras são formadas a partir da junção de palavras ou radicais já existentes na língua. Vejamos os exemplos que correspondem a tal processo, assim demarcados:

Justaposição – ocorre quando os elementos da combinação não sofrem alteração fonética ou gráfica. São exemplos:

Bem-me-quer

Pontapé

Pé-de-moleque

Roda-viva

Girassol...

Aglutinação – ocorre quando um dos elementos da combinação sofre alteração fonética ou gráfica. Vejamos, pois, os exemplos:

Pernalta
Planalto
Aguardente
Embora

Empréstimos linguísticos

 
Atemo-nos, antes de tudo, às palavras proferidas por estes renomados gramáticos, Celso Cunha e Lindley Cintra: 

“Numa língua existe, pois, ao lado da força centrífuga da inovação, a força centrípeta da conservação”. 

Ao ressaltar acerca da força centrífuga da inovação, ambos os autores referem-se ao caráter dinâmico do qual se constitui a língua. Desse modo, vale dizer que tal dinamismo se caracteriza pelos muitos caminhos trilhados no campo da linguagem, ou seja, é criando e ampliando que a palavra passa por esse processo de centrifugação, ora adquirindo novas acepções como é o caso dos neologismos semânticos, dicionarizados com o passar do tempo, incorporados a uma dada língua, uma vez oriunda de outras, como é o caso dos estrangeirismos. 

Em razão de tais pressupostos, sobretudo em se tratando desse último aspecto, é que o presente artigo tem por finalidade discorrer acerca de uma ocorrência muito recorrente – as palavras estrangeiras que invadiram e invadem o léxico português. 

Cabe ressaltar que o fato não é recente, muito pelo contrário, vem de longas datas. Esses empréstimos surgiram de línguas célticas, germânicas e árabes ao longo do processo de formação do português na Península Ibérica. Prosseguindo, pois, o advento do Renascimento e das navegações portuguesas permitiram os empréstimos de línguas europeias modernas e de língua africanas, americanas e asiáticas. 

Foi assim que o anglicismo (cultura da língua inglesa) permeou entre diversas línguas, sobretudo a nossa. Fato que representa o crescimento do poder econômico dos EUA, notadamente após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. E hoje, com a efervescência dos recursos tecnológicos, em especial da informática, observa-se que tal propagação se manifestou de forma notória. Exemplo disso são os novos verbetes do dicionário Aurélio: grande parte deles é de origem estrangeira, como por exemplo, test drive, pet shop, ecobag, entre outros.

Dessa forma, em se tratando dos empréstimos linguísticos, é que temos o bife, futebol, abajur, xampu, blecaute, sanduíche, surfe, entre muitos outros. Tais palavras, como podemos perceber, passam por um processo de aportuguesamento que não deixa claro para o emissor que se trata de uma verdadeira influência que outras línguas exercem sobre a nossa – rica, por excelência.
 

Estrutura das palavras

As palavras são constituídas de morfemas.

São eles:

Radical
É o elemento comum de palavras cognatas, também chamadas de palavras da mesma família. É responsável pelo significado básico da palavra.

Ex.: terra, terreno, terreiro, terrinha, enterrar, terrestre...

Atenção:

Às vezes, ele sofre pequenas alterações. Ex.: dormir- durmo; querer- quis 
As palavras que possuem mais de um radical são chamadas de compostas. 

Ex.: passatempo 


Afixos 

São partículas que se anexam ao radical para formar outras palavras. Existem dois tipos de afixos:

Prefixos: colocados antes do radical. 
Ex.: desleal, ilegal

Sufixos: colocados depois do radical.
Ex.: folhagem, legalmente 

Infixos

São vogais ou consoantes de ligação que entram na formação das palavras para facilitar a pronúncia. Existem em algumas palavras por necessidade fonética. Os infixos não são significativos, portanto, não sendo considerados morfemas.

Ex.: café-cafeteira, capim-capinzal, gás-gasômetro

Vogal Temática

Vogal Temática (VT) se junta ao radical para receber outros elementos. Fica entre dois morfemas. Existe vogal temática em verbos e nomes. Ex.: beber, rosa, sala.

Nos verbos, a VT indica a conjugação a que pertencem (1ª, 2ª ou 3ª). 

Ex.: partir- verbo de 3ª conjugação

Há formas verbais e nomes sem VT. Ex.: rapaz, mato (verbo) 

Dicas:

A VT não marca nenhuma flexão, portanto é diferente de desinência.


Tema

Tema = radical + vogal temática

Ex.: cantar = cant + a, mala = mal + a, rosa = ros + a 

Desinências

São morfemas colocados no final das palavras para indicar flexões verbais ou nominais.
Podem ser: 

Nominais: indicam gênero e número de nomes (substantivos, adjetivos, pronomes, numerais).

Ex.: casa – casas; gato - gata 

Verbais: indicam número, pessoa, tempo e modo dos verbos. Existem dois tipos de desinências verbais: desinências modo-temporal (DMT) e desinências número-pessoal (DNP). 

Ex.: Nós corremos, se eles corressem (DNP); se nós corrêssemos, tu correras (DMT) 


Verbo-nominais: indicam as formas nominais dos verbos (infinitivo, gerúndio e particípio). Ex. beber, correndo, partido 


Quadro das principais desinências:



Atenção:

A divisão verbal em morfemas será melhor explicada em: classes de palavras/ verbos.

Algumas formas verbais não têm desinências como: trouxe, bebe...
 
 

Hibridismos

Hibridismos são palavras formadas por elementos pertencentes a línguas diferentes. Estamos falando, pois, acerca do processo de formação de palavras – fato que nos faz recordar da derivação e da composição, não é verdade? Assim sendo, propomo-nos a ampliar nosso conhecimento, discorrendo sobre mais um fato linguístico (os hibridismos).

Os hibridismos são, para muitos gramáticos (sobretudo os tradicionais), fato condenável, talvez pela não uniformidade da origem dos elementos que formam o composto, sobretudo provenientes do grego e do latim. Contudo, a bem da verdade, vale dizer que mesmo em se tratando de tais procedências, os falantes já consideram os elementos aportuguesados – dada a recorrência dessas palavras em nosso idioma, visto que já se incorporaram ao nosso léxico. Assim sendo, vejamos alguns casos representativos:

Alcaloide – Álcali (árabe) + óide (grego)

Alcoômetro – Álcool (árabe) + metro (grego)

Autoclave – Auto (grego) + clave (latim)

Bicicleta – Bi (latim) + ciclo (grego) + eta (-ette, francês)

Burocracia – Buro (francês) + cracia (grego)

Endovenoso – Endo (grego) + venoso (latim)

Hiperacidez – Hiper (grego) + acidez (português)

Monocultura – Mono (grego) + Cultura (latim)

Psicomotor – Psico (grego) + motor (latim)

Romanista – Romano (latim) + -ista (grego)

Sociologia – Socio (latim) + -logia (grego)

Zincografia – Zinco (alemão) + grafia (grego)

Além desses mencionados, podemos constatar ainda outros muitos exemplos, como é o caso de abreugrafia(português e grego), goiabeira (tupi e português), sambódromo (quimbundo, língua africana, e grego),surfista (inglês e grego), etc.

Latim: uma língua viva

Você já deve ter ouvido falar do Latim, certo? Quando pensamos nessa palavra, fazemos uma associação imediata com algo ultrapassado, pois o Latim é conhecido como uma língua morta, visto que não é utilizado como língua oficial de nenhum país (com exceção do Vaticano). Mas como podemos pensar assim de uma língua que deu origem a tantas outras e que ainda está presente em diversas circunstâncias de nosso cotidiano? Bom, estamos aqui para provar que o Latim é sim uma língua viva!

O Latim é oriundo da região do Lácio, em Roma, e deu origem às chamadas línguas românicas, entre elas, o nosso querido idioma, o português. Lembra-se dos versos do poema “Língua Portuguesa”, de Olavo Bilac?

Última flor do Lácio, inculta e bela,

és, ao mesmo tempo, esplendor e sepultura

Ouro nativo, que na ganga impura

A bruta mina entre os cascalhos vela... (...)”

Neste poema, Bilac faz referência à história da língua portuguesa, que foi a última língua neolatina formada a partir do latim. Pobre latim, depois de tanto contribuir para a formação cultural de diversos povos, foi relegado ao título de língua morta. Mas basta dar uma voltinha pelo supermercado, conversar com amigos e ler alguns livros para perceber que o latim resiste ao tempo, desmistificando o rótulo de coisa velha e ultrapassada. O Latim é tão moderno que ganhou a simpatia dos publicitários, que adoram resgatar seus termos. Observe a imagem e veja alguns exemplos:

O Latim é bastante utilizado na publicidade, estabelecendo um interessante contraponto entre o moderno e o antigo *
O Latim é bastante utilizado na publicidade, estabelecendo um interessante contraponto entre o moderno e o antigo *

Todas as marcas que você observou na imagem estão em Latim. Provavelmente você nem sabia, mas omarketing, mesmo tendo uma forte tendência a utilizar palavras de origem anglicana (o inglês é o idioma preferido dos publicitários), resgatou e deu vida à nossa língua mater. Utilizar expressões latinas confere ao produto certo status (olha o Latim aí!), além de passar credibilidade, nomeando com pompa e circunstância as marcas representadas. Mas não é só na publicidade que o Latim resiste: veja só outras expressões em Latim que são amplamente utilizadas na modalidade oral e na modalidade escrita:

A priori = a princípio

Aliás = expressão utilizada para retificar algo, “de outro modo”.

Carpe diem = aproveite o dia.

Corpus Christi = corpo de Cristo.

Data venia = significa “com o devido respeito”.

Et cetera (etc) = significa “e outros”.

In loco = no local.

Mea culpa = minha culpa

Modus operandi = modo de agir

Sui generis = significa “de seu próprio gênero”.

Vade mecum = vem comigo (expressão utilizada para instruir o leitor a realizar determinadas tarefas)

Curriculum Vitae = significa “trajetória de vida”.

Viu só? Você já deve ter ouvido todas essas expressões e até mesmo usado sem saber que se tratava de palavras latinas, não é mesmo? E agora? Você está convencido de que o Latim não morreu? Encontre você também outras referências à formosa, e viva, flor do Lácio.

 

Os sufixos-uma análise minuciosa

 
Antes de nos atermos às características inerentes aos sufixos, faz-se necessário relembrarmos que eles integram uma das modalidades que participam do processo pelo qual as palavras são formadas – a derivação. Assim, ao analisarmos a palavra “livraria”, temos:

livr – constituindo o radical. 
-aria – representando o sufixo, ou seja, a parte que lhe foi acrescentada, dando origem a um novo vocábulo. 


Como resultado de tal acréscimo, podemos ter uma mudança na sua classe gramatical ou até mesmo uma alteração de sentido representado por esta. Desta forma, subsidiando-nos no exemplo da palavra “unhada” (no qual o sufixo é representado por “-ada”) podemos constatar que se trata de um ataque, golpe feito por meio da unha, como pode ser um ferimento provocado pela unha. 

Outro exemplo pode ser representando pela palavra escolarização, uma vez que o sufixo “-ação” transforma em substantivo o verbo escolarizar. Temos, portanto, uma mudança no que se refere à classe gramatical. 

Mediante tais pressupostos, torna-se interessante conhecermos algumas palavras pertencentes à Língua Portuguesa, as quais são frutos resultantes deste processo. Para tanto, elegeremos alguns sufixos um tanto quanto recorrentes: 


Formação de substantivos a partir de outros substantivos


“-ada”


* ferimento, golpe ou marca produzida por um determinado instrumento: 
unhada – martelada – pedrada – facada...

* multidão
criançada – papelada – sacholada...

* medida ou quantidade:
garfada – colherada – fornada...

* Movimentos rápidos ou de duração prolongada: 
temporada – risada – noitada...


“- al”

* sentido coletivo 
jabuticabal – manguezal – cafezal...


“- alha”

* noção coletiva denotando valor pejorativo: 
gentalha – miuçalha...


“- aria”,” – eria”

* noção coletiva 
pancadaria – pedraria ...

* ramo de negócio ou estabelecimento comercial: 
sorveteria – livraria – drogaria – alfaiataria...


“-agem”

* noção coletiva 
folhagem – ramagem – pastagem...

* ação ou resultado de uma ação: 
vadiagem – aprendizagem... 


“-ário”

* atividade, profissão
escriturário – bancário - operário...

* lugar onde se coloca algo
vestiário – aquário... 


“- eiro, “-eira”

* atividade, ofício 
lanterneiro – bombeiro – copeira...

* nomes de árvores ou arbustos 
mangueira – goiabeira – cajueiro...

* Objetos ou lugares usados para armazenar algo
açucareiro – manteigueira - saleiro...


“-ia” 

* profissão ou lugar onde se exerce alguma
delegacia – diretoria – reitoria – advocacia...


“- ite”

* inflamação 
rinite – bronquite – estomatite – gastrite...


“-io” 

* noção coletiva 
poderio – mulherio – gentio...
 

Processos de formação de palavras

Maneira como os morfemas se organizam para formar as palavras.

Neologismo

Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, a verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.

(BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970)


Os principais processos de formação são:

Derivação 
Processo de formar palavras no qual a nova palavra é derivada de outra, chamada de primitiva. Os processos de derivação são:

Derivação Prefixal

A derivação prefixal é um processo de formar palavras no qual um prefixo ou mais são acrescentados à palavra primitiva.

Ex.: re/com/por (dois prefixos), desfazer, impaciente. 

Derivação Sufixal

A derivação sufixal é um processo de formar palavras no qual um sufixo ou mais são acrescentados à palavra primitiva.

Ex.: realmente, folhagem. 

Derivação Prefixal e Sufixal

A derivação prefixal e sufixal existe quando um prefixo e um sufixo são acrescentados à palavra primitiva de forma independente, ou seja, mesmo sem a presença de um dos afixos a palavra continua tendo significado. 

Ex.: deslealmente (des- prefixo e -mente sufixo). Você pode observar que os dois afixos são independentes: existem as palavras, desleal e lealmente. 

Derivação Parassintética

A derivação parassintética ocorre quando um prefixo e um sufixo são acrescentados à palavra primitiva de forma dependente, ou seja, os dois afixos não podem se separar, devendo ser usados ao mesmo tempo, pois sem um deles a palavra não se reveste de nenhum significado.

Ex.: anoitecer (a- prefixo e -ecer - sufixo), neste caso, não existem as palavras anoite e noitecer, pois os afixos não podem se separar. 

Derivação Regressiva

A derivação regressiva existe quando morfemas da palavra primitiva desaparecem.

Ex.: mengo (flamengo), dança (dançar), portuga (português). 

Derivação Imprópria

A derivação imprópria, mudança de classe ou conversão ocorre quando a palavra, pertencente a uma classe, é usada como fazendo parte de outra.

Exemplos:

coelho - substantivo comum, usado como substantivo próprio - Daniel Coelho da Silva. 

verde, geralmente usado como adjetivo - Comprei uma camisa verde-, é usado como substantivo: O verde do parque comoveu a todos.

 

Radicais de origem grega

 

Dispomos de um vocabulário significamente amplo, sem dúvida, porém, de forma quase que mecanicista, pronunciamo-las sem ao menos nos dar conta acerca da origem, ou seja, das raízes que as constituem. Dessa forma, de modo a ampliar nossa competência linguística de forma ainda mais efetiva, bem como nos tornar conhecedores mais assíduos dos aspectos que norteiam a língua como um todo, o artigo em questão tem por finalidade apontar alguns radicais, os quais constituem esse acervo lexical, que são de origem grega.

Nesse sentido, constemos os casos representativos, demarcados pelo significado e exemplos de cada um deles:

Muitos radicais, constituintes das palavras que falamos, são de origem grega

 
 

Radicais de origem latina

 

Seja por meio da oralidade, seja por meio da linguagem escrita, dispomos de um acervo lexical bastante considerável, mesmo porque ele tende cada vez mais a se tornar ainda mais amplo, na medida em que nos tornamos assíduos leitores e, sobretudo, praticantes redatores. Com base nesse pressuposto, cabe afirmar que, por mais que usufruamos de tais vocábulos, tendo em vista as finalidades que desejamos atingir em meio às circunstâncias comunicativas diárias, quase nunca nos prendemos a certos detalhes que os constituem, como atentarmos nos traços originários, aqueles relacionados às raízes das palavras.

Assim, imbuídos no propósito de que, como sabemos, a maioria das palavras são formadas do grego e do latim, passemos a partir de agora a estabelecer um pouco mais de familiaridade acerca dos traços que constituem os principais radicais de origem latina, procurandoenfatizaro significado ecitando exemplos, de forma a deixar bem claro o assunto que ora escolhemos para discutir. Entre eles, elegemos:

Muitos são os radicais provenientes da língua latina

 

Morfologia

A flexão dos adjetivos

Uma das características que norteiam esta classe de palavras é justamente a de serem passíveis de flexão, assim como os substantivos. Flexão esta que se refere ao número, gênero e grau que, de igual forma, também se encontra atrelada a regras pré-estabelecidas, levando-se em consideração a forma pela qual se constituem.

Aqui, de forma específica, enfatizaremos acerca de algumas características relacionadas a uma destas flexões – ora representada pelo gênero –, ou seja, o feminino e masculino. 
Assim sendo, partindo do princípio de que há algumas considerações a serem ressaltadas, analisemos:

Adjetivos biformes

Possuem uma forma para o gênero feminino e outra para o gênero masculino, estando estas condicionadas a alguns pressupostos, assim elucidados: 

a) Os adjetivos terminados em “-o” têm seu feminino constituído pela troca desta terminação, isto é, atribui-se o “a” em detrimento ao “o”.
Exemplos:

lindo – linda
sábio – sábia 
estudioso – estudiosa 


b) Aqueles terminados em “-ês”, “-or” e “-u”, normalmente se formam pela terminação “-a”. 
Exemplos: 

francês – francesa 
acolhedor – acolhedora 


Observação importante: 
Há os que são considerados invariáveis, representados por: 

cortês – hindu – tricolor 

c) Os adjetivos terminados em “-ão” recebem as terminações “-ã”, “-ona” e “-oa”, quando transcritos no feminino. 
Exemplos: 

cristão – cristã 
alemão – alemã
brincalhão – brincalhona 


d) Os adjetivos constituídos da terminação “-eu”, “-éu” têm seu feminino formado por “-eia” e “-oa”.
Exemplos: 

europeu – europeia
plebeu – plebeia


e) Em se tratando dos adjetivos compostos formados por dois adjetivos, apenas o último elemento é que recebe flexão. 
Exemplos: 

vestido verde-escuro – blusa verde-escura
conflito socioeconômico – situação socioeconômica 


Adjetivos uniformes

São aqueles que possuem uma única forma, tanto para o masculino quanto para o feminino. 
Exemplos: 

copo frágil – taça frágil 
marido feliz – esposa feliz 
ator ruim – atriz ruim 
máquinas agrícolas – implementos agrícolas 


Os adjetivos compostos, nos quais o segundo elemento é um substantivo, também integram esta modalidade, tornando-se invariáveis. 
Exemplos:

sapato amarelo-limão – blusa amarelo-limão

Observação digna de nota:

Invariáveis também são os compostos representados por “azul-marinho” e “azul-celeste”. 
Exemplos: 

vestido azul-marinho – saia azul-marinho 
fachada azul-celeste – corrimão azul-celeste
 

A flexão dos numerais

 
Como já é sabido, os numerais apresentam algumas peculiaridades, dentre elas, o fato de serem passíveis de flexão. Portanto, atendo-nos a ela, verificaremos a seguir alguns pressupostos dignos de nota, a começar pelos numerais cardinais: 

Numerais cardinais 

Geralmente, estes não são flexionados. 
Exemplos: 

Há dez dias não visito meus familiares. 
Há encomenda de cem salgados para hoje. 


Contudo, os cardinais representados por um, dois e as centenas a partir de duzentos recebem flexão. 
Exemplos: 

O público esperado é de aproximadamente umas quinhentas pessoas. 
São duas as visitas, mas temos somente um quarto. 


Apresentando essa mesma característica também figuram os cardinais representados por “milhão, bilhão, trilhão”, etc. 
Exemplos: 

O investimento na saúde pública foi de dois milhões de reais. 
Durante a gestão daquele candidato, bilhões de verbas foram desviadas. 


Numerais ordinais 

Flexionam-se em gênero e número. 
Exemplo: 

Os primeiros colocados irão ocupar as primeiras cadeiras. 

Numerais multiplicativos

* Quando na função de adjetivos, variam em gênero e número. 
Exemplos: 

Durante sua graduação, recebeu duplas oportunidades de trabalho. 
Carinho e atenção eram oferecidos em triplas doses. 


* Ocupando a função de substantivos apresentam-se como invariáveis. 
Exemplos: 

O dobro dessa quantia foi oferecido aos vigilantes. 
Doze é o triplo de quatro. 


Numerais fracionários 

Concordam em gênero e número com os cardinais que os antecedem. 

Foram cumpridos apenas dois terços da tarefa. 
Somente uma metade da sobremesa já tinha sido consumida.
 

A recorrente flexão dos termos invariáveis

 
Antes de quaisquer elucidações pertinentes ao assunto em questão, atenhamo-nos ao fato de que uma das características das quais se perfazem as classes gramaticais é a questão de algumas serem invariáveis, como é o caso dos advérbios e das preposições. 

Estas mesmas classes estão completamente ao nosso dispor para que possamos usufruí-las mediante a verbalização e/ou a escrita de nossos pensamentos, nossas ideias, enfim, para nos posicionarmos enquanto seres imersos em uma camada social. Contudo, há que se mencionar que em determinadas circunstâncias, boa parte dos usuários parece ter uma impressão errônea destes recursos, atribuindo-lhes um sentido diferente do convencional. 

Diante desta prerrogativa, torna-se importante que cultuemos sempre “os bons costumes”, em se tratando, principalmente, da escrita. Para tanto, analisemos alguns casos em que se manifesta a recorrente flexão de termos considerados invariáveis, que aqui são considerados flexíveis, erroneamente:

Ora por que atribuir aos temos em destaque a característica de adjetivos quando na verdade classificam-se como advérbios? Eis a questão!

Reformulando tais enunciados linguísticos, obteríamos:

O fato é que por serem advérbios – o primeiro retratando circunstância de modo, e o segundo circunstância de intensidade, não são variáveis. Caso fossem adjetivos, haveria esta possibilidade, visto que admitem esta característica. 

Portanto, evite “possíveis” tropeços, interagindo sempre que puder com os fatos que norteiam a língua.
 
 

A semântica das preposições

 
No intuito de compreendermos melhor sobre o assunto ora em evidência, seguem descritos alguns enunciados linguísticos, analisemo-los: 

Constatamos a presença de duas preposições - devidamente demarcadas e idênticas. Mas será que retratam o mesmo significado quando analisadas de forma contextual?

Para que possamos obter uma resposta para tal questionamento, faz-se necessário entendermos acerca de um aspecto bastante pertinente – o fato de uma mesma preposição, quando analisada de acordo com o contexto em que se encontra inserida, apresentar significados distintos. 

É exatamente o que ocorreu com os exemplos supracitados, uma vez que se formos analisar as preposições, tendo em vista o valor semântico por elas apresentado, concluiremos:

O sentido expresso pelo 1º enunciado é instrumento, do qual os alunos se utilizam para chegar a casa.

O segundo já retrata uma ideia de matéria, ou seja, foi utilizada para a construção dos adornos. 


Desta feita, analisemos algumas ocorrências nas quais podemos constatar tal fenômeno linguístico. Eis que são: 

- Posse – Estes livros são do antigo professor.

- Causa - Após o terremoto, várias crianças morreram de desnutrição. 

- Matéria – Todos aqueles artefatos são de couro. 

- Assunto - Discutimos muito sobre as obras literárias. 

- Companhia – Iremos à festa com você. 

- Finalidade – Preparamo-nos para os festejos natalinos. 

- Instrumento – O garoto feriu-se com a faca. 

- Lugar – Curtirei minhas férias em Maceió. 

- Origem - Todos os turistas são de Belo Horizonte. 

- Tempo - A empresa tem um prazo de 20 dias para a entrega dos pedidos. 

- Meio – A publicidade pela Internet implica em bons resultados.

- Conformidade – Fizemos a pesquisa conforme foi solicitado. 

- Modo – O resultado do concurso foi aguardado com tamanha ansiedade. 

- Oposição – Os eleitores mostraram-se contra a proposta dos candidatos.
 

Adjetivo e Advérbio: traços que os distinguem

 

Inseridos no universo da morfologia, não raras são as vezes em que nos sentimos apegados a questionamentos diversos, dadas as particularidades das classes que compõem esta parte da gramática. Falando nelas, um aspecto parece emergir com total relevância – o fato de uma determinada palavra, a depender do contexto em que se encontrar inserida, mudar de uma classe a outra.

Acessando o texto “Entendendo acerca do processo de substantivação” teremos a oportunidade de conferir um pouco mais de perto sobre todos os aspectos que norteiam a ocorrência em que essas mudanças se fazem presentes. E, como não poderia ser diferente, dúvidas persistem quando o assunto se refere a duas importantes classes gramaticais, ora representadas pelo adjetivo e pelo advérbio.

Assim, pelo fato de se constituírem de características semelhantes, sobretudo em se tratando do advérbio de modo, valeconscientizarmo-nos dos traços que os distinguem.

Nesse sentido, uma noção básica deve ser pontuada: o adjetivo flexiona, ou seja, ele varia; enquanto que o advérbio não se apresenta passível de tais mudanças, haja vista que ele se caracteriza como uma classe invariável.  Vamos às diferenças, portanto?

O adjetivo e o advérbio se constituem de traços distintos
O adjetivo e o advérbio se constituem de traços distintos

Elas, uma vez elencadas, façamos tais diferenciações por meio de alguns exemplos, aos quais assim nos subsidiam:

A aluna respondeu feliz a pergunta ao professor.

O termo “feliz” seria um adjetivo ou um advérbio de modo?

Acerca dessa questão devemos, primeiramente, analisarmos se cabe ao enunciado a flexão que lhe é correspondente, assim manifestada:

As alunas responderam felizes a pergunta ao professor.  

Cabe ressaltar, portanto, que se trata de um adjetivo.

Vejamos outro exemplo:

O professor falava baixo, fato que dificultava a compreensão dos alunos.

Temos agora um termo que se encontra diretamente relacionado ao verbo(falava) e que não admite flexão. Logo, inferimos se tratar de um advérbio.

Adjetivo: dá qualidade ou qualifica?

À medida que vamos estabelecendo familiaridade com os fatos linguísticos, vamos incorporando ao nosso conhecimento alguns conceitos que, por vezes, tornam-se cristalizados. Aqueles relacionados à morfologia parecem ilustrar de forma significativa o que estamos dizendo, basta recordar alguns aspectos aprendidos lá... lá nas primeiras fases da Educação Básica, como por exemplo: “substantivo é o termo que ...”; “pronome se conceitua como a palavra que...”; e adjetivo? Lembra-se?

Em se tratando desse último (o adjetivo) resolvemos rever alguns conceitos, por isso nos propomos à discussão que ora se forma, cujo intuito é abordar algumas questões relevantes. Afinal, o adjetivo qualifica ou dá qualidade? Para incrementar a discussão é sempre bom partir de exemplos concretos, tais como:

Garota triste.

Alimento insípido

Cheiro ruim

Conversa monótona

No intuito de irmos um pouco mais além, agora permeando no universo da análise sintática, o que sabemos sobre o predicativo do sujeito? Que ele dá qualidade a esse sujeito, haja vista que, morfologicamente dizendo, é representado por essa figura da qual falamos – o adjetivo, concorda?

Assim, perguntamo-nos:

Desde quando “triste/insípido, ruim e monótona” representam qualidades? Sim, pois, pelo que sabemos, o termo “qualidade” se encontra relacionado a uma ideia positiva, não é verdade?

Partindo desse princípio, voltamos à questão anterior: qualifica ou dá qualidade?

“Qualificar” tanto pode ser entendido sob o aspecto negativo quanto sob o positivo. Dessa forma, convenientemente, devemos acreditar que o adjetivo não dá qualidade, mas, sim, qualifica.

Adjetivos pátrios

 

Ao nos referirmos aos adjetivos pátrios, sabemos que estes pertencem a uma das classes gramaticais e que representam uma das subdivisões inerentes à classe em questão. Atribui-se a eles a função de representar a origem de pessoas e demais seres e objetos, levando-se em consideração a cidade, estado ou país.

Para que possamos conhecê-los melhor, compartilharemos com algumas de suas principais características. Desta feita, segue abaixo relacionada uma lista contendo alguns deles. Observemos, pois: 
 

Localidade Adjetivo pátrio correspondente
Acre acreano
Afeganistão afegane, afegão
Amapá amapaense
Angola angolano
Aracaju aracajuense, aracajuano
Atenas ateniense
Belém (Pará) belenense
Belém (Palestina) belemita
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Boa Vista boa-vistense
Cabo Frio cabo-friense
Catalunha catalão
Cuiabá cuiabano
Espírito Santo espírito-santense, capixaba
Estados Unidos estadunidense, norte-americano, ianque
Florença florentino
Florianópolis florianopolitano
Goiânia gioaniense
Gália gaulês
Grécia grego, helênico
Havana havanês
Índia indiano, hindu
Japão japonês
Jerusalém hierosolimitano, hierosolimita
Macapá macapaense
Manaus manauense, manauara
Natal natalense
Nova Iguaçu iguaçuano
Nova Zelândia neozelandês
Pequim pequinês
Porto Alegre porto-alegrense
Porto Rico porto-riquenho
Recife recifense
Rio Branco rio-branquense
Rio de Janeiro (cidade) carioca
Rio de janeiro (estado) fluminense
Rio Grande do Norte rio-grandense-do-norte, potiguar, norte-rio-grandense
Romênia romeno
Rondônia rondoniano, rondoniense
Salvador salvadorense, soteropolitano
São Paulo (cidade) paulistano
São Paulo (estado) paulista
Sardenha sardo
Sergipe sergipano
Teresina teresinense
Tibete tibetano
Tocantins
Vitória



 
tocantinense
Vitoriense



 
   
 






















 

 

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